sábado, 6 de dezembro de 2008

Educação Musical - UAU!

Tenho a certeza de que, ao escrever o que vou, nas próximas linhas, muita gente vai dizer que sou radical, isso e aquilo. É verdade. Sou mesmo. Mas, leia até o final, pra tentar entender o meu radicalismo.

Aprovaram uma Lei que, aparentemente, é ótima: a obrigatoriedade do ensino de Música nas escolas brasileiras, diferenciando-a do ensino de Artes. Seria ótima se não fosse como tudo no mundo capital: apenas aparência.

Sobre a educação no capitalismo, depois de "A Resposta", acho que não preciso dizer mais nada ... aliás, eu escrevi um texto uma vez para um encontro de compositores sobre a educação musical, que posteriormente publicarei aqui. O encontro, não houve, claro ... era para ser na Colômbia.

Sobre a educação musical especificamente, creio que é o lugar onde há mais picaretas por metro quadrado (aliás, em toda educação); principalmente pq não tocam no ponto fundamental: no capitalismo, somos educados a consumir. É DISSO que vamos participar?

Há muitos anos já, eu decidi que, se eu fosse ensinar, ia ensinar, não importasse a idade do cliente. E, realmente, tentei fazer isso em todas as oportunidades que tive: palestras, oficinas e horas frente classe. E o que é ensinar?

Para mim, ensinar música é ensinar a refletir sobre a prática musical. Refletir sobre as três principais vertentes da prática: a audição, a interpretação e a composição. Isso, aprendi com o Willy, na USP. Mas a adaptação para crianças, foi na raça: prática/reflexão em sala.

Bem, fica claro que, para ensinar música desta maneira, EU também tenho que praticar música sobre esses parâmetros e, ainda, refletir sobre os problemas musicais (do meu nível) para compreender e dominar os problemas musicais que meus alunos se proporão em sala. Por isso, insisto em compor, tocar piano, reger qualquer coisa, escrever artigos acadêmicos etc. É fundamental conhecer conscientemente a prática musical, na maiorira dos ângulos possíveis, para saber como conduzir o aprendizado dos clientes.

Através da prática como compositores e intérpretes (ou seja, o aluno como agente ativo da prática musical) pode-se conseguir argumentos para uma reflexão a partir da audição da história da música ocidental e da música de outros povos já que, ao resolver problemas musicais na prática, os alunos se aproximam da realidade musical de quem a pratica, que acaba um elo de ligação entre as músicas, os contextos etc. Assim, o aluno tem a possibilidade de compreender a "idéia por trás das notas".

Falando assim, parece mágico, como fazem parecer os picaretas ... hehehe. Isso é inevitável. Mas falei tudo isso para dizer que, para mim, não basta uma lei. O problema da educação não é torná-la obrigatória, mas torná-la democrática. Isto é, torná-la acessível com qualidade. Espanta-me conhecer doutores em muitas áreas do conhecimento, gente comprovadamente inteligente, preparada e estudada, sempre em bons colégios e tudo (gente da pequena burguesia mesmo!) e que não sabe ouvir uma melodia.

NINGUÉM NASCE SABENDO OUVIR MÚSICA, DA MESMA MANEIRA QUE NINGUÉM NASCE SABENDO VER UM QUADRO, OU VER UM FILME ETC ... a cultura deve ser aprendida de forma consciente.

E não há lei pra isso.

No próximo, falo sobre a grande vítima da educação: as professoras de educação infantil. Boa cerva (pq já é de tarde ... hehehehe).

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