domingo, 12 de dezembro de 2010

Passei ... ufa!!!!

Pois é ... enfim, passei o fatídico dia 8.

Sempre foi uma espécie de tormento, para mim, fazer aniversário ... nunca achei muito bom. Ficar mais velho, ter novas responsabilidades, enfim: ver que, de fato, aos poucos, isso se acaba, cada vez mais rápido.

Neste ano, diferente de alguns anteriores, não fiz festa. Não comemorei como vinha comemorando ... tirei o dia para ficar com as Duas (as filhotas) e, depois, com a amada. Saímos, tomamos algo, mas sempre com a idéia de que era um momento entre nós. Algo legal de se fazer.

Sempre fiquei reflexivo antes, mas, depois, deixava passar o sentimento de que "ainda podia ter feito algo a mais". E sempre você chega à conclusão de que poderia ter feito algo a mais, inevitavelmente.

Mas chego aos 40 com uma certeza interessante: era o lugar que eu sempre sonhei estar. O que eu não tenho muito mais saco é de lidar com a mesquinharia, com gente que se acha, com certas idiossincrasias alheias, porque vc "pode mudar as pessoas". Eu já não me preocupo com mais nada nem ninguém.

A minha obrigação é educar minhas filhas, fazê-las compreender o mundo e ter, a partir dessa compreensão, uma norma de conduta. Longe da ética do mundo kapital, que eu espero que elas não tenham: a competição, a sacanagem e a "vontade de vencer a qualquer custo".

Eu mesmo sempre curti jogar, mas nem sempre vencer é o mais interessante. Lembro-me de quando eu jogava tênis: sempre que eu estava ganhando, fazia jogadas mirabolantes que muits vezes punham tudo a perder. Mas eu queria jogar, fazer as jogadas mirabolantes.

Curtir a vida sem o sentimento de vitória nem sempre evita o sentimento de derrota, mas deixa claro qual é a missão, a coisa interessante de se passar por este curto período de tempo. Viver não é passear num jardim, já dizia Brecht, mas pode ser agradável.

Hoje, tento ser um cara legal, que compreende as dificuldades alheias e não aponta o dedo na cara de ninguém. Nem sempre fui assim e, quem me conhece há algum tempo, sabe que esta foi uma mudança significativa. Ser "o dono da verdade", aquele que ganha todas as discussões é, hoje, para mim, uma bobagem.

Viver no mundo capital é curioso: mais do que SER, você precisa PARECER SER. Há anos entendo isso e, de alguma forma, resolvi não mais me importar com essa condição. Lembro-me de, ao tocar bateria, adorar esmagar os outros com comentários mordazes ou mesmo posturas adotadas por um cara metido - e isso era, até, estimulado por alguns professores que eu tive. Passei disso. Não me contento mais em ser o melhor, apenas. Mas em ser bom, em muitos sentidos.

Quem tem pouco, principalmente dentro de si, age de forma mesquinha. Quem tem uma causa também. Mas aprendi com alguns que tem causas que, a melhor maneira de lutar é calar-se. Brecht também diz isso em dado momento, no Sr Keuner, quando um general invade sua casa para que ele o sirva: ele o serve tão bem, que o mata e, ao final, diz NÃO. Eu digo não ao kapital, por isso, não ajo como os capitalistas. Não venço a qualquer custo.

Mas, tenho, obviamente, que ouvir merdas e rir internamente, bem baixinho.

Agora que já mudei de categoria cronológica (rs ... eufemismo para dizer que estou na meia idade), vejo com certa clareza que cometi erros, mas que não posso mais cometê-los. Não mais confiar em idiotas ou mesmo acreditar na bondade alheia. De resto, vivo feliz.

Tome um café e relaxe ... se você já está da metade para o fim, como eu, ou se ainda está no começo: todos iremos para o mesmo lugar mas, quando eu ponho a cabeça no travesseiro e olho nos olhos das minhas filhas, seguramente, não tenho vergonha.

Bom café e bom ano que vem