sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Duas perdas e mea culpa

Neste segundo semestre, tive – pessoalmente – duas perdas consideráveis (já falei aqui do Arquiteto). Essas doeram um pouco mais ...
Quero, primeiro falar de um amigo ... em 7 de novembro, agora, faria 44 anos. Eu o conheci com 15, no primeiro colegial e, desde então, não tenho mais nenhuma lembrança – até os últimos 2 anos – em que ele não está inserido. Sempre companheiro, dividi com ele as poucas conquistas e os inúmeros fracassos que tive ... ele sabia de quase tudo. Lembro-me de irmos ver jogos do Palmeiras, de sairmos pela noite, de falarmos de mulheres ... mas, principalmente, os dois juntos, em São Paulo e a adaptação que tivemos que ter a essa realidade.
Não morávamos juntos, mas nos víamos sempre e, principalmente, dividíamos nossos sonhos ... o que seríamos quando crescêssemos? Essas coisas.
Em agosto, recebi a informação que ele tinha morrido. Pelo jornal – ficamos 1 ano e meio sem nos falarmos, somente. Sua esposa, arrasada, falou comigo porque ele era meu irmão, quase. Durou apenas seis meses na luta contra um câncer do qual eu não soube.
Mudanças de que cidade e a vida louca que o mundo Kapital nos proporciona acabaram por nos fazer perder contato ... uma perda lastimável ... desculpe, Wal, eu não estive com você. Mas também, você não avisou ... que foda!
Outra foi meu tio mais velho – duas semanas antes do Wal ... esse foi de morte quase súbita.
Grande Zebé – o sábio da família – o Totem! Segurou todas as barras da família com parcimônia e sabedoria. Viveu bem. Teve um aneurisma na aorta. Fiquei sabendo a caminho de dar aula e nem pude ir a Campo Grande, onde foi velado e enterrado. Mas estava lá, em pensamento. O sem número de pessoas que acudiram ao velório e ao enterro são mostras de como era querido na comunidade – como fez bem a tanta gente! E dão mostras de seu caráter.
Espero que ambos estejam em bom lugar, se é que esse lugar existe. Seus problemas, agora, estão resolvidos. Cabem aos que ficamos aprender a viver sem suas fortes e marcantes personalidades.
Confesso que ainda gostaria esperar para revê-los. Um bom tempo ... Nada de mais ... apenas um pensamento.
Descansem em paz!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ao amigo John

Tenho um amigo e faço questão de publicar seus comentários, como os de todos - como se eu tivesse um monte deles ... rs.
Mas me chamou a atenção o último, em que ele diz que fica em cima do muro, sem saber se é de esquerda ou de direita ...
Bem, Marx já dizia que, se você não é explicitamente contra o Kapital, é a favor. E eu já fui daqueles que "não gostava" de quem não era contra. Hoje, apenas sigo meu caminho e tento mostrar, muito sutilmente, mas ainda como um elefante em um jardim de suculentas, uma visão de mundo distinta da corrente.
Um artista, me parece, sente mais próximo o que um mundo sem arte representa, quando não encontra resposta para sua arte. Apenas alguns dados, em relação à literatura:
Quando eu estava na escola, antes do colégio, já tinha lido alguns livros interessantes. Memórias póstumas de Brás Cubas, por exemplo. E li outros, que mais tarde fizeram parte da "lista do vestibular". Livros que, quem quisesse entrar em uma boa faculdade, não importa para que, eram "obrigados a ler", porque caía na grande prova.
Hoje em dia, os vestibulares são baseados em resumos dos livros - ninguém mais lê nada. Não se sabe mais o que é literatura. Esse conceito, de arte universal, já se perdeu. Os clássicos, já não são mais reeditados. Quem quer um livro de um escritor, mesmo brasileiro, hoje, tem que buscar em sebos, rezando para encontrar.
No entanto, merdas e livros que não dizem nada, como os Potters, 50 tons de merda e afins, enchem as livrarias. Alguns tentam - o João Verde até agrada - mas, sem a profundidade dos mestres. São efêmeros.
Duvido que se ache, hoje em dia, uma edição nova de livros de Hemingway ou Julio Barreto. É uma tragédia.
A música já sofre disse há muito mais tempo.
Quando eu entrei na faculdade, há uns 20 anos, mais ou menos, eu era um ignorante musical. Não sabia os nomes das coisas. Mas eu ouvia música. Era músico, afinal. Compreendia coisas básicas, como seções (que dão forma a uma peça musical), ouvia o caminhar da harmonia, etc. O básico. Mas já havia me deparado com colegas que apenas liam as partituras.
Hoje, sinto que, no estertor da minha vida como professor universitário - já disse aqui que vão fechar meu curso - eu tenho que ensinar os alunos a ouvirem música. Eles não ouvem nada. E nem conhecem o básico.
Nem sei quantas vezes eu já ouvi as 32 sonatas de Beethoven, por exemplo. Os os concertos de Mozart, suas sinfonias e etc. Nem sei quantas vezes ouvi a história da música. Eu ouvi todas as obras de muitos caras, ao longo da história e me interesso para ouvir sempre, quando possível.
Uma música de 25 minutos, por exemplo, não é nada. Mas que dificuldade para fazer músicos (que já dão aula de música, inclusive) se concentrarem para ouvir 5 minutos de música, em aula. A música começa e eles começam a conversar ... não respeitam nem sua profissão!
Nunca ninguém se perguntou porque não sabem ouvir música, mesmo tendo passado pelo menos 16 anos na escola. O básico. E, hoje em dia, em que essa matéria é "obrigatória" nas escolas brasileiras, é só olhar o material dos cursos para perceber que, nem mesmo quem produz esse material, tem consciência do que é a linguagem musical. Não, não é apenas saber ler partitura ou arranhar uma flautinha ... desculpem, senhores pais, seus filhos e vocês continuarão a ser enganados, como em tudo.
Então, quem "sabe" o que se perde em um mundo em que a exploração e a falta de respeito são correntes, usuais e até mesmo incentivadas (hoje em dia, empreendedorismo é uma matéria escolar) não pode ser a favor disso. Informação não é conhecimento. Informação não é cultura. Nós podemos ter acesso à informação ... mas uma informação parcial que tem um profundo e enorme cunho ideológico. Basta ver os documentários sobre os gays no cinema, por exemplo. Esse conceito de "liberdade sexual", de "igualdade", foi trabalhado ideologicamente em filmes, seriados, novelas, etc. Perdoem-me, não sou contra gays, pelo contrário. Sempre defendi esse direito de liberdade de amar. Mas me pergunto porque não tomam esse tipo de atitude contra o mundo Kapital. Não trabalham ideologicamente para que essa condição terrível em que vivemos, mude.
Ah, lembrei. Porque não interessa a quem tem voz amplificada.
Dito isso, vou a mais um café.
E espero que algum jovem John tenha tempo e interesse em refletir sobre sua condição e, principalmente, na condição de vida dos demais ... daqueles que nem podem comer, nunca poderão ler e nem ouvir, de verdade, uma música. Daqueles que estão expostos e indefesos à vontade de poderosos, donos do mundo Kapital.
Bom café.

Copa e afins

A copa do mundo aqui no Brasil foi interessante ,,, uma festa ... eu, que gosto de futebol (o jogo) adorei ... vi muitos bons jogos e etc ... e o fiasco brasileiro, uma morte anunciada ...
Mas o evento marcou mais por outros motivos ...
Muita gente não conseguiu ver ... e gente ligada ao meio. Vários cronistas esportivos morreram antes - o que não deixa de ser irônico e surpreendente, como todas as mortes.
O que nos deixou realmente abalados foi a passagem de um amigo querido ...
Ele era mais amigo da minha esposa - trabalhavam juntos - e morreu de forma estranha. Foi internado às pressas e, depois de um mês, aproximadamente, no hospital, saiu apenas para ser incendiado no crematório da região. Eu senti.
Um cara de esquerda, como eu, que tinha muito a dar ... essa história de compartilharmos o mesmo tipo de pensamento é estranha ... não se pode dizer o quanto uma pessoa é contra o capitalismo ou a favor ... as pessoas, às vezes, julgam sem saber, de fato, as convicções do indivíduo. Não tivemos muitas discussões a esse respeito ... mas dava para perceber o caráter de seu pensamento ... ele pensava dialeticamente, sempre tentava ver os diferentes ângulos de uma questão. Vai fazer falta.
Eu poderia dizer mais, mas, de fato, não o conhecia bem ... ele foi o primeiro a desenhar alguns croquis para o estúdio - era um projeto mais ousado, que pensamos que seria mais barato para construir, com containers. Ficaram lindos, mas acho que eu não conseguiria me sentir bem dentro daquelas caixas pequenas ...
Quis o destino que ele não pudesse conhecer o resultado final, em madeira. Enfim, faz falta.
Eu imagino que talvez, quando eu me vá, algumas pessoas sintam a minha falta. Tentei, ao longo dos anos - e tento ainda - despertar a reflexão nas mentes dos que cruzam comigo ... por isso, muitas vezes, me acham chato ou inconveniente. Talvez, não sintam muita falta ... rs.
A gente sente mais falta de quem está presente diariamente ... eu, realmente, tenho tido pouco contato com as pessoas ... falta de paciência, ou um motivo real para estar ali. Não importa. Marcar a vida de alguém é algo que só o tempo nos mostra.
No caso do Arquiteto - nosso amigo era arquiteto - sua presença era marcante, mesmo à distância. E faz falta, principalmente nas reflexões que forçava engenheiros e burocratas que conviviam com ele, a fazerem.
Eu gostaria de ter tomado mais cervejas com ele, enfim. Foi um presente estranho para sua esposa - ele se foi no 12 de junho - e uma abertura de copa menos brilhante para os que o conheceram. Foda-se a copa ...
De resto, se as pessoas se preocupassem tanto com a educação e a saúde, como se preocupam com futebol, talvez tivéssemos um mundo melhor. Mas isso não serve a interesses ... refletir. E a mostra disso está no tipo de sociedade em que vivemos, em que temos muitíssima informação e zero reflexão, por falta de tempo. Essa corrida incessante que é a vida impede, em parte, que reflitamos sobre o que vemos, lemos ou mesmo vivemos.
Talvez essa seja uma lição que nunca aprendemos. E que esquecemos cada vez menos, principalmente nas instituições de ensino ... em que somos educados a correr, absorver "verdades" impostas, sem discutir, sem desconfiar.
Vivemos em uma mundo cada vez mais fascista ... ou seria coincidência que, hoje, se fale tanto de Hitler ou gente desse tipo? com admiração, é bom ressaltar. Na tv, então, é uma farra.
Mas, não quero ser chato ... rs ...
Vou tomar meu café quente nessa manhã fria e chuvosa ... pelo menos, as plantinhas se regozijam ...
Bom café.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Paraíso é em Mogi (das Cruzes)

O mundo Kapital é, de fato, cheio de contradições ... se, por um lado, vivemos situações revoltantes e constrangedoras diariamente (como as descritas aqui), por outro, “as vezes, encontramos pérolas.
Mas, é claro ... tem que ter dinheiro ... rs. Se você tem uns 1.500 reais pra torrar em um fim de semana, curte esportes (principalmente golfe) e quer comer bem (comida de resort, o que chamo de “gourmet de rechaud” – nota 6,5 de média – o que é ótimo), o paraíso é em Mogi das Cruzes.
Não ... não estou fazendo propaganda ... mas, não dá pra não falar das coisas boas ... e abrimos espaço para uma discussão um pouco mais ampla.
Eu nunca liguei para dinheiro (talvez, por isso, eu esteja na merda). Isso nunca me seduziu. No entanto, tive oportunidades de levar uma vida toda pequeno burguesa (e nunca passei a perna em ninguém ... mas nunca pude pagar isso por mim mesmo). Sempre recebi convites ou presentes, como o deste final de semana em que Mamãe fez 70 anos e quis passar nesse resort, ou a viagem da qual nunca me esquecerei, um cruzeiro pelo Caribe (valeu, Tupi!).
Também viajei a trabalho, conhecendo outros países, até, como foi Porto Rico. A trabalho, tive mais piores momentos do que bons: os trabalhadores – mesmo os artistas – são tratados como gado, em quaisquer ocasiões. Essa vez de Porto Rico foi uma exceção que confirma a regra.
Sempre fui alguém que gostava de experimentar coisas e nunca perdi (pelo menos conscientemente) as oportunidades que a vida me ofereceu para aprender, degustar, conhecer coisas, por mais esdrúxulas que fossem. Assim, desenvolvi o que se pode chamar de “gosto aristocrático”.
Sim! Eu gosto de comer bem, tomar boas cervejas, ouvir música erudita, enfim, alguns até me consideram com um gosto refinado. Na verdade, quando muita gente diz que uma coisa é boa (como caviar, por exemplo) eu não vejo razão para não acreditar e experimento. E, é verdade: eu gosto de caviar.
Algumas pessoas, quando me conhecem, questionam isso, dizendo que esse meu gosto por coisas aristocráticas é contraditório ao meu discurso de esquerda (!). Eu, realmente, não entendo.
O mundo Kapital é um lugar em que a burguesia se apropriou de coisas por seu fetiche... a maioria que come caviar, tenho certeza, nem sente o sabor ... come, porque é coisa de rico. Enfim, querem “parecer” gente “de bem”, por isso torram fortunas em baladas, tomando champanhes a 2 mil reais a garrafa, sem ao menos entender do que se trata. ISSO é ostentação. ISSO eu não faço.
Minhas roupas são quase sempre de segunda mão (tenho um irmão que descarta muitas coisas que me servem), meu carro é sempre o mais barato, etc. Tenho infinitas provas dessa natureza para desmentir essa provocação.
O que me espanta, de fato, é que os paladinos do Kapital dizem que alguém que não gosta do capitalismo, também não deve gostar de coisas que existem nele e que custam dinheiro ou que mostrem esse “gosto aristocrático”.
Ora, é mais uma mostra da mente míope desses canalhas, que querem justificar sua safadeza, tomando coisas alheias. Eu não ferro com ninguém para ter acesso a essas coisas: acontece, como antes dito, ao acaso.
O golfe é um exemplo disso: criado por pastores escoceses, foi proibido para o povo, depois que a aristocracia se apropriou dele. E o que diríamos de hoje, em que burgueses que jogam muito pior que seus caddies, tem acesso a maravilhosos campos porque pagam um green fee exorbitante (em média, 250 por partida de 18 buracos).
A culpa de o golfe, por exemplo, não ser um esporte democratizado não é minha ou de comunistas, mas da burguesia, que rege o mundo Kapital. É incrivelmente fantasioso e altamente ideológico esse discursinho de que alguém anticapitalista tenha que ser pobre ou tomar cachaça, ao invés de cerveja.
Em um mundo verdadeiramente democrático, todos teríamos acesso à educação de qualidade que nos possibilitasse uma escolha futura; todos entenderíamos Arte (que é um bem humano inacessível até mesmo à ignorante burguesia, hoje em dia, que acha que entrar em um museu é conhecer arte), Música, Cinema, etc.
Mas não é isso que notamos. Mesmo o futebol, tão massificado pela mídia, não instrui ninguém. Nada substitui a consciência. Apenas uma pequena parte que consome futebol, entende do assunto.
Assim, digo claramente, a quem quiser ouvir: sou um burguês, não nego. Mas morro de vergonha. Bom café.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ser enterrado antes de parar de respirar

Pois é ...
Essa é mais uma que aprendemos no mundo Kapital ... os animais da gestão te enterram antes que você pare de respirar. E sem nenhum aviso prévio.
Foi o que aconteceu na megainstituição em que trabalho, esta semana. Eu estava dando aula – note: DANDO AULA – e um homem da manutenção entrou na sala (ele foi educado e pediu antes) e, enquanto eu explicava como se conformavam os temas de algumas peças de Beethoven, ele mediu a sala.
Depois, ficaram discutindo, na sala ao lado, coisas que não me interessaram... mas, a notícia chegou!!!!! Os grandes profissionais da gestão da educação, NO MEIO DO SEMESTRE, despejaram o curso de música, desmembrando-o em duas salas ... uma bem distante da outra.
Eu confesso: poderia me importar, já que os alunos (também os da comunicação onde dou um curso de Trilha Sonora) precisam que, às vezes, você mostre com os dedos, ao piano, algumas questões musicais que nem sempre são facilmente compreendidas, principalmente por leigos. Mas eu não estou nem aí.
É mais uma prova cabal que a qualidade é a última coisa que esses paladinos do Kapital pensam ... e deram, já, muitas mostram disso – reduzindo carga horária de cursos importantes; tirando elementos fundamentais de um curso de terceiro grau, como a reflexão; contribuindo para a continuidade da ignorância do aluno, que deve ser treinado para responder o ENADE.
Ou como é possível que, em um curso de comunicação, em que os alunos devem aprender a fazer produções com imagem, não se tenha a história do cinema?
Fica provado, mais uma vez, que esse tipo de educação só serve a um tipo de gente ... aquele que vai por o lucro no bolso. E que ninguém se engane: eles estão certos!
Mas, só até que a morte da galinha dos ovos de ouro se faça sentir. Aí, o final é inevitável. E eu vou assistir de camarote.
Enquanto isso, tomo uma cerveja ... amarga, mas que refresca. E digo a eles, um redondaço FODAM-SE. Até.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Educação Sustentável

Nos últimos estertores do mundo Kapital, eis que surge um novo termo: educação sustentável.
No entanto, como tudo neste mundo onde apenas o lucro (cuja origem remonta a logro) importa, fica ainda mais clara a intenção de gestores da coisa privada. E Marx, cada vez, tem razão.
A Instituição em que trabalho – por meio de sua mantenedora - decidiu fechar o curso de música, sendo este o último ano ... o fechamento da última turma.
É óbvio que meu emprego lá vai acabar, mas há, nisso, uma reflexão muito mais importante.
A faculdade funciona(va) na zona leste de SP, um local que carece de centros de formação, recreação e, principalmente, de oportunidades. Formamos músicos que conseguiram, alguns, carreiras sólidas formando pessoas, ganhando concursos e participando de eventos internacionais, com certo brilho. Chegou a ser o curso particular de música com nota 5 do ENADE. Depois de uma má vontade dos últimos a fazerem a prova quanto à infraestrutura do curso, caímos para 4 e não tivemos oportunidade de melhorar isso: no último ENADE, o curso não participou.
O curso promovia, ainda, através de programas para a comunidade, oportunidades para que as crianças tivessem formação musical através de aulas com nossos alunos, participassem de um excelente coro infantil, etc. Nada disso vale nem valeu aos Srs. Gestores. Nem mesmo a mídia indireta promovida pelo curso, através do sucesso de alunos acima descritos ou a realização de encontros, que elevaram o curso, equiparando-o aos mais famosos de universidades públicas, como a USP. Nossos alunos participaram com eles de eventos exclusivos, promovidos em conjunto.
É sabido que, em uma escola, o professor é o operário. Toda estrutura que se ergue, é paga com a mais-valia tirada de quem transforma o bruto em produto de consumo: no caso, um aluno ignorante em um ser letrado. Sustentabilidade, para eles, é ter o maior número de alunos para um menor número de professores: a comparação é sempre um curso, como direito administração, em que o pobre trabalhador lida com, ao menos, 100 alunos por sala.
Como música é algo restrito a quem tem uma formação anterior, esse número cai muito.
Fosse apenas o curso de música, talvez eu engolisse melhor. Mas, outros passam pela mesma situação, analisados por números frios que pouco dizem a quem, realmente, pensa educação e arte. Ou meus colegas de artes visuais e comunicação não estão passando pelos mesmo processos? – fechamento de turmas, de cursos “não-sustentáveis”, etc.
O que os gênios administradores do kapital não enxergam é o assassinato frio da galinha dos ovos de ouro. Vale a pena citar o curso de história, carro-chefe da excelência da instituição há anos, reduzido a curso a distância. Estão “limpando” o que lhes deu nome.
Sustentabilidade também quer dizer distribuição: manter o que importa, apesar de seu custo, que é reduzido, já que um curso de música é tocado com 4 professores, por exemplo. Mas não vale a pena, porque não gera capital direto. O resto, simplesmente não vale.
Como na antiga fábula, tenho a certeza de que essas mudanças, acarretarão, em pouco tempo, o fim dessa megaestrutura. Não lamento. E, realmente, como marxista, entendo que esse processo pelo qual passo hoje, é inevitável.
Onde vendem como excelência uma formação para o mercado, em que, cada vez mais os cursos universitários se parecem a cursos técnicos; em que dirigentes de instituições burguesas defendem uma educação para a indústria como a solução para os problemas brasileiros; em que a reflexão (que é o que deveria diferenciar um curso de terceiro grau de um técnico) é reduzida quase a zero, também pelo pouco tempo presencial em sala; e, finalmente e por tudo isso, o professor é visto pelo aluno como mero obstáculo para seu diploma, o fim só pode e deve ser esse.
Grande Marx!, onde quer que esteja ... bom café!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Ideologia e vida prática

Quem me conhece de verdade, sabe que não tenho partido político. O que, em épocas de eleições, me torna um cara não grato; até porque eu estou acostumado a dizer o que penso, e isso pode causar desconforto em alguns da raça defensora do Kapital.
Eu gostaria que recordássemos o período prévio à primeira eleição de Ignácio. Com a ideologia do partido anterior, a sensação era de um desânimo total. Foi um período em que, depois da “delícia” do real e uma vida sem inflações galopantes, percebeu-se que trabalhava-se para engordar alguns. A ideia de que individualmente os miseráveis “com alternativas” podiam ascender à classe pequeno burguesa se mostrou uma falácia.
Lembro-me que, mesmo as pessoas que amavam o partido anterior no poder, mostravam-se preocupadas com a falta de autoestima do povo. Autoestima era um sintoma, mas não o verdadeiro problema.
As promessas de agilizar a burocracia e baixar impostos tornaram-se mentiras deslavadas, já que não houve e não há interesse em resolver isso.
Com o fim de duplo mandato do Ignácio, tivemos, então, uma verdadeira guerra política, com baixarias e coisas que nem quero me lembrar ...
Mas, o resultado, na minha concepção, saiu melhor do que a encomenda. Não sou petista, mas creio que a tia Dilma é a melhor presidente que eu vi e que vivi sob. Embora ainda haja muito o que fazer, creio que um gerente como ela é, é a melhor solução para o caso; até porque, na minha opinião, ela se saiu muito bem na maioria dos pepinos já tantas vezes falados pela imprensa e, fundamentalmente, não puxa o saco dos países ricos e poderosos. Ela luta por nossos interesses.
Quanto à política interna, cada vez que lembro das coisas que andei lendo sobre a vida de produtor e empresário, percebo que a carga de impostos mata quaisquer iniciativas por mínimas que sejam, a não ser que o sujeito em questão ou não tenha mais alternativa, ou saiba sonegar e passar a perna na sociedade.
Do ponto de vista da pessoa física, também a carga de impostos é exorbitante. Mas, eu prefiro pagar esses impostos e perceber que muita gente depende de uma série de benefícios sociais que salvam vidas. Salvam artista, atletas, trabalhadores, estudantes, gente incapacitada, etc.
Uma sociedade deve cuidar de seus membros. Se há, ainda, gente que quer levar vantagem, deve-se aprimorar instrumentos para que essas pessoas sejam punidas.
Penso que anda muito difícil, mesmo para os adversários, terem algo que reclamar da tia Dilma.
Vejo princípios de campanhas em que o discurso não muda. O do PSDB torna-se um exemplo de sua ideologia. “Vamos conversar sobre como você deve ser um indivíduo e não ligar para o resto” é o discurso do mineiro playboy.
O do outro é ainda mais ridículo. E a Marina é um Enéas de saias. Sempre foi.
O desenvolvimento sustentável deve acontecer – e vai; mas é um processo. Enquanto crianças morrerem de fome, sem oportunidades de uma vida, as coisas pouco mudarão.
Não basta ter discurso bonito. Sinto, nesses 4 anos, uma grande transformação brasileira: de um país submisso aos demais, para um país que tem seu lugar no cenário internacional e faz ouvir sua voz.
Os corruptos? Cadeia pra eles ... mas para todos. E há muitos, infelizmente.
A sociedade deve e pode se conscientizar e resolver gritar contra injustiças e por suas demandas. Mas devemos lembrar do que passou e perceber que, hoje, somos melhores.
A ideologia traz esse sentido à vida prática. O que reflete na autoestima.
Duvido que haja, hoje em dia, alguém mais capaz de se sentar no trono presidencial do que a tia Dilma.
Eu nunca voto. Mas votarei. Espero não me arrepender.
Bom café ... do estúdio, agora ...