quinta-feira, 23 de julho de 2009

O Prazer de Cozinhar

Na casa dos meus pais, quem sempre se meteu na cozinha - e muito bem - foi meu pai, desde que me lembro. Realmente não lembro da fase "mamãe cozinheira". Sempre foi "papai cozinheiro" .. hehehehe. Com exceções, claro: doces e esfihas e uma porção de coisas.

Quando tínhamos uns 10 anos, o Jeff e eu nos metíamos a fazer bolo e outras coisas - o Jeff, uma vez, se queimou no pé fazendo puxa-puxa: caiu e o queimou ... um perigo!. Mas era mais ele mesmo ... eu comecei a curtir a idéia de fazer sanduíches e me lembro, até, de sustentar uma discussão sobre o equilíbrio de um sanduíche comparado ao de uma refeição padrão tipo PF. Uma pérola!

Ao morar sozinho, macarrão e pizza eram os pratos mais frequentes, embora eu já me arriscasse a alguns voos ... mas, realmente, não era assim um cozinheiro não ...

Sinceramente, não me lembro agora como começou - deve ter sido fazendo churrasco - mas acabei aprendendo a cozinhar (a Mary ajudou bastante também). Defendo-me. As meninas adoram ... quem faz o jantar das crias sou eu ... sempre.

Acaba sendo uma questão de ego - quando elogiam - mas, comigo, isso não é assim. Eu realemente não me impressiono com elogios: gosto de críticas verdadeiras. Tento sempre ser fiel ao que aprendo das receitas que julgo as melhores, mantendo um sabor rústico "trabalhado": um tipo de cozinha que deixa claro o refinamento com materiais populares ... algo como Chekov, mais ou menos, comparando coisas distantes.

A cozinha é fascinante se pensamos do ponto de vista da transformação dos materiais e, quando se adquire certa prática, poder prever e controlar parâmetros como calor, tempo de cozimento, métodos de transformação: cozido, grelhado, etc, ainda que de maneira empírica, abre caminho para pensarmos na culinária como uma arte/ciência/prática similar à música.

Ao tomar contato, em ocasiões raras, com informações de um meio diverso, pode-se notar a enorme distância que um cara como eu está da "alta culinária"; e não digo como criador, mas como apreciador. Mesmo assistindo a programas de reality show - TOP CHEF é um concurso de chefs - nota-se que me falta adestramento ... hehehehe.

É uma realidade muito distante. Como posso, então, esperar me comunicar através de minha música? Comparando, a coisa é bem similar ... uma música para iniciados ... conhecedores de tudo o que conheço e muito mais, porque só sei que não sei nada.

Um bom café ... vou arrumar o de alguém que acordou com fome.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Férias ... ?

Olá!

Faz tempo que abandonei isso - heheheheh ... p q sempre começo assim? - mas o trabalho me fez distante ... é que, na verdade, deve-se ter algo a dizer para entrar aqui ...

O papo pode ser cômico ou sério ... no caso, aqui, é o que me dá na telha ... e, não necessariamente, deve ser "cientificamente provado" ... aqui não é a academia.

O meu primeiro semestre como professor universitário foi bastante interessante ... acho que dei conta do serviço: seis disciplinas diferentes de uma vez, com uma logística estranha para chegar no local de trabalho ... (acordo às 15 pras 4, pego o táxi às 15 pras 5, o bus pra sampa às 5, metrô, ônibus e ... voilá: estou na facu às 8 - a volta pesa mais, já que saio às 12 e chego em casa às 4 da tarde ... se fosse de carro, levaria 45 minutos, mas de carro não tem Vale Transporte ... daí ....).

Eu sempre me referi a esse semestre como "um sonho real", já que meu alunos me elogiaram como professor e como compositor ... uma dupla satisfação, claro.

Mas o sonho se torna realidade, e a realidade do capitalismo é dura. O MEC, permissivo ao Kapital, permite às universidades reduzirem ao mínimo, a carga horária ... como é possível formar alguém em 3 anos, em meio período? Mas, pode sempre ficar pior.

Tivemos, no último dia letivo, a notícia de que, de 7 professores no departamento, restarão apenas 5 para o próximo semestre, já que a carga horária do curso foi ainda mais reduzida e, pelas regras da Instituição, os professores têm de ter um mínimo de horas/aula para permanecerem nos quadros da universidade. Daí que, fica patente, pouco importa quem ou como serão dadas as disciplinas e, as "minhas" são as mais fáceis de serem ministradas ... não há muita necessidade de estudo nem de muita inteligência para "ensinar" o que eu ensino ... se você não se preocupa com a Linguagem Musical, é claro.

É óbvio que eu sempre soube que não é possível fazer carreira em universidades particulares, já que convivi neste meio desde que nasci, por causa de meus pais, mas é assim: não importa ensinar bem, entregar tudo no prazo e, nem mesmo, "compreender" o que se ensina: vc tem que gerar lucro, ainda que os alunos não paguem o curso ...

E fica claro, para quem quer ver - óbvio ululante - que o interesse da educação privada é vender diplomas ... quem se interessa por ensinar são alguns professores, apenas.
O resto, não se importa muito, principalmente aqueles que já se encontram em quadros de universidades públicas: basta verificar os cadernos dos alunos da USP, por exemplo, para se dar conta disso.

E não muda ... e eles estão lá ...

Neste quadro, eu sei - pelo menos até dia 3 de agosto - que vou dar aulas mais um semestre ... não sei dos outros. Não há fututro: uma dádiva do mundo capital ... mal se esquenta a cadeira, há inúmeros (mais de 1000) pra tomá-la de você. Mas não adianta dizer nada ... é a realidade e devemos aceitá-la, resignados ... somos um número, afinal.

E o vale transporte não cobre nem mesmo o valor "cheio" das passagens de ônibus intermunicipais: sempre você é que tem que arcar com as taxas de embarque - 1/4 do valor, aproximadamente; isso sem dizer do táxi (porque não há ônibus em SJC antes das 5 da manhã), etc.

Este é o ápice do trabalho de professor, o topo tão sonhado por todos nesta profissão, a 35 reais a hora/aula. E viva o MUNDO KAPITAL!!!!!

Amém.

Por problemas financeiros, nem mais a Rose me traz o café ... e vamos assim: ruim trabalhando, infinitamente pior parado ... e, como amar no capitalismo, se, no semestre que vem, vou ter que lutar para aniquilar 2 de meus colegas?

Até a próxima ... e bom café, amargo, mas quentinho, pra descer bem ...