segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Questões de Higiene

Bom dia e boa semana, leitor(es?) ...

Li o artigo sobre jogar lixo na rua, do BlogduJeff (esse Jeff – Jefferson – meu irmão, da extrema direita, tanto quanto sou da extrema esquerda ... hehehehe – quase um “Esaú e Jacó”, do incrível M de Assis ... mas tudo no plano das idéias) ...

Mas li o artigo sobre o lixo nas ruas e posso “contribuir” com outro lado da questão. Antes, devo dizer: essas explicações baseadas na raça ou na nacionalidade estão furadas há mais ou menos 1 século e meio. Vamos tentar alguns exemplos:

Quando eu e a Mary chegamos em Madri, na primeira vez, para 6 meses, imaginamos que não conseguiríamos tomar sequer um café nos bares, tamanha quantidade de lixo (guardanapos, pedaços de comida, bitucas de cigarro etc) no chão dos estabelecimentos. É um hábito espanhol! E me foi explicado como uma tradição: para reconhecer um bom bar, olhe o chão: se estiver limpinho, ninguém vai lá ... uma mierda! Depois de manifestações nas ruas, fica tudo limpinho ... os garis acompanham a procissão. Os garis regularmente limpam as ruas várias vezes ao dia, por isso, não tem lixo. Hoje as coisas mudaram um pouco nos bares e eles limpam com mais freqüência: já não assusta mais.

Na Copa da Alemanha (2006), surpreendeu a atitude do grupo de torcedores japoneses que, ao acabarem de festejar uma vitória numa das praças principais de uma das cidades alemãs, recolheram todo o lixo e deixaram o chão limpo, surpreendendo os trabalhadores da limpeza urbana local.

Lembro-me como Mao insiste em trabalhar a higiene no povo chinês, no Livro Vermelho. Não sei se conseguiu melhorar, provavelmente sim, mas alguns hábitos são difíceis de desenraizar ... hábitos ancestrais,

Esse hábito ancestral ocidental, que herdamos, nos faz ser assim. Sujamos as praias alheias, destruímos povos e civilizações em nome do progresso (que para mim é lucro, apropriação indevida de recursos etc = conseqüências capitais) e reclamamos da sujeira perto de nós (mas nunca da que está debaixo do tapete).

E tem um dado a mais: no capitalismo, desde crianças (bebês mesmo), somos criados como indivíduos. Pouco nos preocupamos com o outro, basta dar uma olhada nas escolas infantis, construtivistas ou não. Então, se eu sou mais que todos, alguém tem que pegar meu lixo pra mim ... é assim que pensamos, infelizmente.

E também nos EUA, que pode até ter as ruas limpas, já que a sujeira está em outro lugar, um pouco acima do pescoço. Bom café.

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