quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Falsas Quadrinhas

Na manhã da final da copa de 2002, no Japão, eu e a Mary estávamos em Madri (o jogo ia ser, lá, por volta do meio dia. Tínhamos ido dormir tarde, mas eu acordei muito cedo (dormi só umas 2 horas) ... eu queria torcer por 2 caras: o Felipão e o Marcos, ambos do palmeiras ... hehehehe ... e o Abobrão (o fenômeno) tava bem tbm ... enfim ... eu queria, mas sabia de tudo: é duro ter consciência.
Bom .... acalmei a consciência e depois tomei muita cerveja ... ehehehehe. Vai o texto, vai:


Falsas Quadrinhas

Quando alguém senta em uma cadeira
Da mais simples à mais rara
É em uma massa obreira
Que apóia sua contra-cara

O quitute mais saboroso
Que se come sofregamente
Nada esconde, seu moço
É carne moída de gente

O esporte, antes são,
Seja limpo ou imundo
Serve só para desviar a atenção
Das verdades deste mundo

O que se crê artista, de coração
Por mais que escolha a tinta
Não tem mesmo outra opção
É com sangue humano que pinta

E a Música? Mesmo as mais belas das suas
Serve apenas para abafar, sem conflito
O choro e o grito
Dos famintos nas ruas

Nem mesmo o avião potente
Ou o carro mais veloz
Nos leva longe o suficiente
Onde não chega essa voz

Mas disse Brecht, um dia
De maneira mui propícia
Ria, quem ainda não ouvia
A derradeira notícia.

Madrid, 30/06/2002

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