Tapa: pratinho com 2 canapés (geralmente) servido, de graça, junto com um copo de cerveja, em bares na Espanha.
Bar de Tapas na Espanha é uma instituição nacional. Local apropriado para tomar um aperitivo, discutir a tourada de ontem, ou as loucuras dos governos, o futebol etc.
Aqui, vc vem tomar um café comigo e pode "levar" ou "dar" uns tapas ... hehehehe ... não literalmente, claro!
Como eu ia dizendo num outro post intitulado "questões", comecei a ficar cansado de dar cabeçadas ... e, principalmente, de ficar aqui, roendo os lápis, no quartinho - a inquietação e a ansiedade fazem parte de mim, assim como a preguiça e a tranqüilidade, a neurose e a compreensão etc. Não via mesmo um fim de túnel ...
Um dia, a Virga chegou em casa e disse que, na escola, a professora tinha dito que a turma dela ia cantar na festa de fim de ano na escola e que EU ia preparar o coral. EU? mas fazia já alguns anos que eu não trabalhava com crianças (meu último grito na MOPPE fora em 2005) e eu tava ... no quartinho.
Conversa vai, conversa vem, fui trabalhar com a minha filha (experiência única) e descobri que ela ofereceu o pai às professoras e disse ao pai que as professoras o haviam convidado .. hehehehehe (com 5 anos). Mas tá dando certo.
O curioso é que, depois de tirar o olho do meu próprio umbigo, passei a ver um horizonte que julguei distante (longe mesmo!) mas que tava tão na minha frente que quase me atropelou ...
Agora, estamos correndo pra o bonde não passar, mas, na verdade, já o pegamos ... já estamos nele! É que ainda estamos agitados com o esforço pra subir no bonde ...
Hmmm ... continuamos daqui a pouco .... hehehehehe.
Há alguns anos já, eu nem pegava em um par de baquetas com a finalidade de gerar sons. Mais de cinco anos, seguramente.
Eis que, um dia desses, via recado de orkut, tive uma incrível surpresa: era convidado para tocar um carrilhão de cinco sinos em uma peça inédita de música contemporânea. Quem me deu mais essa oportunidade na vida foi o Gláucio, um cara realmente incrível.
Poderia escrever um monte sobre o Gláucio ... há anos eu o acompanho (antes mesmo de entrar na faculdade, eu já ouvia falar dele, como um bom aluno de uma amiga minha). Ele foi meu bixo, claro ... e até conversamos um pouco, mas não muito. Lembro-me de que as peças dele eram criativas ... enfim, um cara bom no mundo capitalista. (Até teve arranjo tocado no Carneghie (?) Hall, em NY)
Afastamo-nos e, graças a Mr. Orkut, ele me deu a chance de participar de um projeto bem legal: a abertura da exposição da Flávia Yue, que estudou na ECA tbm. Ela fez um roteiro sonoro que incluía sinos na praça de sto andré, músicos dentro da "casa do olhar" - um conjunto de câmara e eu, com cinco sinos para explorar e me divertir, dentro de uma sala fechada. As pessoas podiam me ver lá dentro através de um olho mágico que invertia a imagem. O Gláucio "pôs as notas nesse roteiro" e ficou bem legal. Foi no último sábado (22/11).
E eu tive que lembrar como era manejar as baquetas - foi quase como andar de bicicleta. Mas também lembrei de outras coisas ... E infelizmente constatei que os músicos continuam irresponsáveis com seus horários - então uma coisa que poderia demorar 3 horas demora 6, pq todo mundo vai atrasar; o desinteresse de músicos com a própria música (foi comum ouvir a frase "para que estudar harmonia?" etc ... um belíssimo retrato do estado de coisas no mundo capital: educação falha, sem relação com a vida cotidiana etc.
E me lembrei pq parei de tocar. Mas se tiver uma outra dessas ...
ME CHAMA QUE EU VOU!!!!!!!!!!!!!!! pq foi legal pra caramba.
Obrigado mesmo Gláucio, e espero que a gente não demore muito pra se ver de novo não.
Choveu ... foi uma pena. Mas valeu. Estão os dois de parabéns. E o resto do cjto tbm! claro! E eu ... que fiz solos de zumbir na cachola ... hehehehehehe ... abraço!
Na manhã da final da copa de 2002, no Japão, eu e a Mary estávamos em Madri (o jogo ia ser, lá, por volta do meio dia. Tínhamos ido dormir tarde, mas eu acordei muito cedo (dormi só umas 2 horas) ... eu queria torcer por 2 caras: o Felipão e o Marcos, ambos do palmeiras ... hehehehe ... e o Abobrão (o fenômeno) tava bem tbm ... enfim ... eu queria, mas sabia de tudo: é duro ter consciência. Bom .... acalmei a consciência e depois tomei muita cerveja ... ehehehehe. Vai o texto, vai:
Falsas Quadrinhas
Quando alguém senta em uma cadeira Da mais simples à mais rara É em uma massa obreira Que apóia sua contra-cara
O quitute mais saboroso Que se come sofregamente Nada esconde, seu moço É carne moída de gente
O esporte, antes são, Seja limpo ou imundo Serve só para desviar a atenção Das verdades deste mundo
O que se crê artista, de coração Por mais que escolha a tinta Não tem mesmo outra opção É com sangue humano que pinta
E a Música? Mesmo as mais belas das suas Serve apenas para abafar, sem conflito O choro e o grito Dos famintos nas ruas
Nem mesmo o avião potente Ou o carro mais veloz Nos leva longe o suficiente Onde não chega essa voz
Mas disse Brecht, um dia De maneira mui propícia Ria, quem ainda não ouvia A derradeira notícia.
Desde criança, a idéia básica era viver de música. E tocar era uma dificuldade ... infelizmente eu quis tocar bateria - que fazendo uma analogia, pode-se comparar com o goleiro - e sempre dependi dos outros pra fazer o som ... como o goleiro que fica lá parado, enquanto os outros se divertem correndo atrás da bola (e eu tbm gostava de jogar no gol .. vai vendo!).
Em várias oportunidades fui passado pra trás (e superei os traumas) - o ambiente de banda de adolescente só não fede mais que sala de professores de Universidade Pública ... hehehehe .... uma sacanagem só! hehehehehe - mas o que é difícil de superar é a incompetência.
Enquanto parece brincadeira, coisa de adolescente, a gente se frustra por algo não dar certo ... de as pessoas não levarem a sério ... de não conseguir realizar as coisas ... e eu, sempre impotente, dependendo dos outros ... e não se vê uma alternativa ... é complicado; mas dá pra sobreviver ...
Entrei na faculdade e, depois de conhecer o Willy e a Música (Linguagem Musical) eu decidi que não ia mais depender de ninguém: que ia virar um pensador da Linguagem, que isso ia dar jogo, que eu ia dar aulas e viver feliz para sempre.
Isso até que poderia acontecer se eu compactuasse com a podridão do ambiente em que eu estava envolvido .. e pasmem! por várias vezes, fui excluído por justamente tentar aprender com o Willy. Bom, nem preciso dizer que, depois da dissertação sobre ele, nem na porta mais de onde me formei, posso passar em segurança .. hehehehhe.
Restava-me a instituição mais sólida do mundo capital: aquela que gira a máquina! - a empresa privada. Uma tragédia! Salários baixíssimos para dar aulas para crianças (imensa responsabilidade) e mais: ninguém quer nem saber o que vc está fazendo, nem como ... mas na hora que alguém reclama, a culpa é TUA ... tô fora ...
E mais passadas de pernas (gente querendo que vc trabalhe de graça, em detrimento da família e, quando te chamam lá de volta, dizem que é pq têm dó de vc ... dá pra acreditar? - agora, ele têm um enorme negócio na mão que só tá lá pq eu fiz, mas tbm tô fora dessa: mas foi pq eu quis - ou fui levado a isso porque tenho vergonha na cara? hehehehe)
Por isso, realmente, cheguei à conclusão de que, se vc quer vencer no Mundo Capital, tem que apelar para um último recurso: abrir uma empresa.
Alguém ganhou por aí ... Mas, ganhou mesmo? Os delegados já votaram? Porque a democracia no capitalismo e, principalmente, na MECA, é um jogo de regras obscuras ... E money can change ... E o cara é, na alma, muito mais branco que eu. Abs.
Li o artigo sobre jogar lixo na rua, do BlogduJeff (esse Jeff – Jefferson – meu irmão, da extrema direita, tanto quanto sou da extrema esquerda ... hehehehe – quase um “Esaú e Jacó”, do incrível M de Assis ... mas tudo no plano das idéias) ...
Mas li o artigo sobre o lixo nas ruas e posso “contribuir” com outro lado da questão. Antes, devo dizer: essas explicações baseadas na raça ou na nacionalidade estão furadas há mais ou menos 1 século e meio. Vamos tentar alguns exemplos:
Quando eu e a Mary chegamos em Madri, na primeira vez, para 6 meses, imaginamos que não conseguiríamos tomar sequer um café nos bares, tamanha quantidade de lixo (guardanapos, pedaços de comida, bitucas de cigarro etc) no chão dos estabelecimentos. É um hábito espanhol! E me foi explicado como uma tradição: para reconhecer um bom bar, olhe o chão: se estiver limpinho, ninguém vai lá ... uma mierda! Depois de manifestações nas ruas, fica tudo limpinho ... os garis acompanham a procissão. Os garis regularmente limpam as ruas várias vezes ao dia, por isso, não tem lixo. Hoje as coisas mudaram um pouco nos bares e eles limpam com mais freqüência: já não assusta mais.
Na Copa da Alemanha (2006), surpreendeu a atitude do grupo de torcedores japoneses que, ao acabarem de festejar uma vitória numa das praças principais de uma das cidades alemãs, recolheram todo o lixo e deixaram o chão limpo, surpreendendo os trabalhadores da limpeza urbana local.
Lembro-me como Mao insiste em trabalhar a higiene no povo chinês, no Livro Vermelho. Não sei se conseguiu melhorar, provavelmente sim, mas alguns hábitos são difíceis de desenraizar ... hábitos ancestrais,
Esse hábito ancestral ocidental, que herdamos, nos faz ser assim. Sujamos as praias alheias, destruímos povos e civilizações em nome do progresso (que para mim é lucro, apropriação indevida de recursos etc = conseqüências capitais) e reclamamos da sujeira perto de nós (mas nunca da que está debaixo do tapete).
E tem um dado a mais: no capitalismo, desde crianças (bebês mesmo), somos criados como indivíduos. Pouco nos preocupamos com o outro, basta dar uma olhada nas escolas infantis, construtivistas ou não. Então, se eu sou mais que todos, alguém tem que pegar meu lixo pra mim ... é assim que pensamos, infelizmente.
E também nos EUA, que pode até ter as ruas limpas, já que a sujeira está em outro lugar, um pouco acima do pescoço. Bom café.