sábado, 25 de outubro de 2008

Uma Questão de Oportunidades

A passagem pela terra é uma experiência indescritível em sua totalidade. Algumas pistas da reflexão de um ser ao atravessar essa experiência podem ser colhidas em conversas, bate-papos, textos escritos (se o indivíduo citado é das letras), música (uma pista mais deliciosamente subjetiva) e um sem número de gestos, TOCs, e outras manifestações de naturezas diversas, ainda que não interpretadas usualmente como meios de comunicação.

Isto tudo dito para dizer que, por causa disso, interpretar uma frase de uma pessoa pode ser tarefa impossível! se essa frase está fora de contexto, escrita solta em um papel, por exemplo; ou quando alguém a ouve entre andares, no elevador, naquela esticada de ouvido pro murmúrio alheio ...

mamãe, quando voltarmos a Paris, você me leva outra vez à Disney?

é, sem dúvida, uma frase absolutamente pedante, principalmente se pensarmos que quem a proferiu foi uma menina de 5 anos (que, quando esteve em Paris, tinha 4; e que já conhecera Madri antes de completar 2, com tourada e tudo) e, principalmente, se temos consciência do mundo em que vivemos.

É muito difícil ter oportunidades neste $i$tema social em que vivemos – devemos lembrar que, apesar de tudo o que temos e produzimos, 1/3 do mundo MORRE DE FOME. !!!!! mas, a gente já se acostumou a essa realidade, não é mesmo?

TER OPORTUNIDADES é algo que muda a vida de uma pessoa.

Lembro-me que, aos 7 anos, conheci o mar: São Vicente! O apartamento do Tabajara e da Iara... Xand e Jé aterrorizando um condomínio de apartamentos (era divertido apertar as campainhas e sair correndo nos corredores escuros de um prédio de apartamentos – a gente nunca tinha ficado em um prédio, eu acho) e, como esquecer, os devaneios do TIP e do Pai, tomando cerveja na sacada, imaginando o que passaria na cabeça do piloto da escavadeira que destruía o morro à nossa frente, descarnando-o como psoríase numa calva. Nessa viagem, ouvi meu pai dizer “conheci o mar com 17 anos, e meus filhos com 7... graças a Deus!” – e muitas vezes ouvi a famosa história da “Viagem Fantástica” – folclórica aventura dos carneiros pelo despovoado Guarujá, que fica para a próxima.

E a primeira vez que voei de avião! Eu tinha 21 anos (acho!) e lembrava do meu pai delirando: “porque ele voa sem nenhuma cordinha segurando... nada!” – confesso que derrubei algumas lágrimas. E foi pra Miami, que era escala pra um cruzeiro no Caribe (vejam só!). Sempre tive oportunidades, apesar de não ter feito nada pra isso...

Quando digo “não ter feito nada”, tento referir-me às práticas comuns para se conseguir as coisas no $i$tema: empurrar quem está ao lado, e puxar os que estão acima para subir pisando neles... de fato, mesmo o contrário disso, creio que fiz.

A maior neurose disso? Talvez não poder dar, aos meus descendentes, as mesmas oportunidades... o que seria uma pena não para mim, mas para eles. No entanto, ainda nisso, tenho sorte... a Mary pensa como eu e me agüenta, de quebra. E as crianças têm avós. Obrigado, amor! Obrigado, pai e mãe.

Tenho a sorte de poder dar à Virga e à Titch as coisas que pude ter, a saber (porque adoro lembrar disso):

Meu pai foi o segundo cara a ter um vídeo cassete em Bauru e sempre tivemos contato com equipamentos eletrônicos com tecnologia avançada.

A Titch e a Virga convivem com toda sorte de equipamentos eletrônicos: um aparelho de som que, antes dos 2 elas dominavam; e um aparelho de DVD, idem.

Ganhei um TELEJOGO – o primeiro Vídeo Game que saiu por aí, com 7 anos(o Jeff tinha 5) e tínhamos a TV colorida no quarto do meu pai.

Um dos primeiros presentes da Virga foi o computador da Barbie, com menos de 2 anos.

Eu e o Jeff, com 13 e 11, respectivamente, ganhamos, do meu pai, o computador pessoal (amador) mais avançado da época (meados dos anos 80): o TK 90 X, que nos aproximou da informática – copiávamos joguinhos de revistas e criávamos pequenos programas em BASIC.

A Virga, desde os 3, tem aulas de informática na escola - através de jogos pedagógicos no computador – que ela, hoje, usa para entrar na NET sozinha, jogar ON LINE em sites especializados e, no ano que vem, com 5 para 6 anos, aprenderá a usar o WORD. A Maria já usa o mouse e domina os outros equipamentos eletrônicos (DVD e SOM), com 2 anos.

Viajei de avião, como disse, aos 20 e poucos anos, para uma viagem ao Caribe (internacional, portanto) e algumas outras oportunidades (difíceis de acontecer).

A Virga e a Titch nasceram sobre aviões: com menos de 1 ano, fizeram vôos nacionais e, posteriormente, internacionais. Ambas têm mais horas de vôo que muitos adultos que conheço.

Conhecia o Paraguai e a Argentina nas cidades de fronteira terrestre, ali pros lados do Mato Grosso do Sul. Conheci outros lugares bem depois dos 20.

As DUAS (como eu as chamo) conhecem a Europa e, em Madri, posso dizer que aprenderam um pouco mais: o q achar de crianças entre 2 e 5 anos que falam a língua do lugar e se identificam com a cultura local, como é o caso das DUAS ao brincarem de Touro, p ex; ou a Maria dizer “PORTAGAYOLA” e se posicionar para receber o touro, ajoelhada, à porta de chiqueiros.

Tudo o que eu quis aprender, meus pais me possibilitaram; sempre sob orientação de um professor.

A Virga tem atividades extra-escolares, com destacado aproveitamento: balé, natação e inglês. A Titch vai pelo mesmo caminho.

Com certeza, o prazer pelo conhecer talvez seja a coisa que eu mais queira deixar às Duas. A idéia de que é importante conhecer as grandes obras da humanidade, praticando as atividades para conhecer. Isso aprendi, também, com os meus pais.

Neste dia dos professores, agradeço a todos os que me orientaram e aos que orientaram à Mary e aos que orientam as Duas. Meus pais e minha esposa, como todo mundo mais que ela agradecer.

4 comentários:

Unknown disse...

Vida dura essa hein!!
Brincadeira, só estou a te azucrinar!!
Sobre o texto: Esperava mais de você. Fugiu um pouco do foco inicial, ou não foi claro para eu saber sobre o que tratava. Porém a melhora acredito que virá com a experiência. Este foi apenas o seu primeiro texto.
Abraço!

Café do Ale - Bar de Tapas disse...

fosse esse o primeiro ... hahahahahah

Maryangela disse...

Alê, Eu pedi que vc escrevesse esse texto pois acredito na sua capacidade de expressar as idéias. Vc me surpreendeu. Ficou muitíssimo melhor do que eu pensei.... Nossa vida realmente foi/está facilitada pelos nossos pais mesmo! Aproveito para agradecer os meus pais também, que não foram professores "literalmente" pois não tiveram a oportunidade de fazer uma faculdade e ministrar aulas (no padrão normal que nossa sociedade conhece); no entanto foram os melhores professores que eu pude conhecer, pois me deram todas as diretrizes que tento seguir até hoje. Obrigada a eles. Obrigada também a vc... vc é especial e tem muito a dizer a todos. Um grande beijinho!!! Te amo muito!

Jeff disse...

Sorte que ela pediu pra voltar na Disney né...desde cedo já sabe oque é bom, organizado e civilizado. Imagina se ela pedisse pra ir no Playcenter? Que tragédia!!!! Ponto positivo pra minha sobrinha!!!! hahahahahah