Tapa: pratinho com 2 canapés (geralmente) servido, de graça, junto com um copo de cerveja, em bares na Espanha.
Bar de Tapas na Espanha é uma instituição nacional. Local apropriado para tomar um aperitivo, discutir a tourada de ontem, ou as loucuras dos governos, o futebol etc.
Aqui, vc vem tomar um café comigo e pode "levar" ou "dar" uns tapas ... hehehehe ... não literalmente, claro!
Ter um blog pode ser algo curioso, principalmente porque ultrapassa os limites da net ... a gente acaba encontrando pessoalmente alguns caras que dizem que "entraram" aqui, mas "não leram" (um contra-senso que não vou discutir) mas que acharam uma bosta! ENGRAÇADO!!!!! hehehehee No entanto, esses "amigos" fazem perguntas pertinentes ... e a mais curiosa é essa: por que há o aviso de conteúdo imprório na entrada do blog? - Mr. PhD, um amigo chegado, me perguntou 3 vezes no mesmo dia! Mr. W.C. (aquele que todos procuram na hora do aperto) crê que é porque sou um cara que despreza os valores sociais e morais. Eu poderia dar uma resposta engraçada e curiosa ... deixar os caras pensarem que sou bonzinho ... hehehehe. Mas, esse espaço é para eu dizer o que penso do mundo em que vivo - infelizmente, capitalista - e não costumo falar coisas boas dele. Por isso, amigos PhD e W.C. e a todos os que freqüentam meu "bolog" ... hehehehe ... o aviso de conteúdo impróprio está aí
PORQUE O CAPITALISMO É UMA PORNOGRAFIA
Um abraço ao Wal, que não sei se lê, mas é seguidor do espaço. E à Mary, que é uma delícia ... (aliás, o Wal falou uma coisa sensata também: o blog é um espaço pra você falar de você. É verdade, cara ... meu assunto predileto ... hehehehee) Bom café ... o meu, foi a Rose que fez (viu, W.C.? - heheheheheh) e tá ótimo!
Um texto antigo (?) que, depois de não passar na prova, transformei em uma historinha ... aí vai:
A Resposta
(Alegoria sobre prova do processo de seleção da pós-graduação na Educação da USP)
Depois que “os que se dizem, mas não são” apresentaram ao Aprendiz o seguinte texto, de um dos seus:
“A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente em relação a essa exigência não calou fundo nas pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e inconsciência das pessoas. Qualquer debate acerca das metas educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que Auscwitz não se repita. Ela foi a barbárie contra a qual se dirige toda educação.”lhe foi pedido que o comentasse. Com serenidade e em busca da Verdade, o Aprendiz lhes respondeu:
“O Sr. Adorno se preocupa com a repetição de um holocausto. De um crime contra a raça humana. Mas, ele mesmo esteve vivo para presenciar alguns outros holocaustos. E, depois desses, ainda houve outros tantos. E há, ainda hoje, muitos outros. E, de fato, a educação não pode evitá-los. Nem mesmo abrandá-los.
Mas nada como apontar um fato escandalosamente horroroso, despistando o olhar de outras conseqüências desta própria guerra a que se refere o Sr. Adorno. E de tantas outras!
A educação também não ajudou às próprias vítimas de Auschwitz a aceitarem uma convivência pacífica com seus vizinhos palestinos. Isto porque nada, nem a educação é alheia à ideologia.
Sob diferentes ideologias, a educação de um povo, vítima de injustiças sociais, pode levar a diferentes maneiras de encarar o mundo e de definir regras de conduta para agir sobre ele. Pode levá-lo a uma atitude revolucionária, isto é, de reação contra essa injustiça ou pode levá-lo a tomar uma espera passiva e a aceitação dessa injustiça como norma imutável. Nesse sentido, a educação é um instrumento da ideologia, por exemplo.
O Sr. Adorno destaca a educação de seu contexto ideológico quando clama para que esta seja a responsável pela conscientização da sociedade para os riscos de um novo Auschwitz. Isto é impossível.
A exploração do trabalho alheio, a manutenção de um contingente de desempregados, na sociedade, para a manutenção de salários baixos, a miséria, a opressão, a falta de oportunidades, a eterna incerteza, a violência da fome; tudo isto em confronto com a ostentação de uma classe, gera uma reação que, hoje em dia, não está mais organizada, como no passado, mas diluída no seio da sociedade. O inimigo perdeu seu rosto, o patrão também. Então esta reação tem alvos aleatórios e objetivo imediato: a sobrevivência. E a educação não pode, por ela mesma, conter este processo. Também não pode evitá-lo. Mas pode, através de uma ideologia diversa da dominante, criar uma consciência em um nicho da sociedade que organize e viabilize esta luta.
É claro, um projeto educacional deve ter o apoio da Instituição Governamental para abranger um maior número de cidadãos. E só uma abrangência grande poderia causar uma mudança significativa da sociedade. Mas uma educação baseada em uma ideologia revolucionária dificilmente é apoiada e difundida pelos representantes dos direitos da classe dominante.
Auschwitz foi a grande tomada de consciência da humanidade em relação ao mal de uma sociedade auto-predatória, que distingue seus membros (seres humanos) não só por raças, sexos e credos, mas principalmente pela quantidade de dinheiro que possuem.
Infelizmente, não só para o Sr. Adorno, contamos outros tantos Auschwitz, da metade do século XX até o primeiro ano do XXI; tantos holocaustos, desde Hiroshima, tão próximo do horror que o Sr. Adorno aponta, até a repetição reiterada e diária das crianças vendendo balas no trânsito e se drogando ao largo da vista.
Tantos outros holocaustos fomos, somos e seremos educados a esquecer quanto sejam altas as taxas de lucro das indústrias bélicas e a prepotência de grupos econômicos que nos impõem sua vontade pela força do dinheiro que possuem. Até quando seremos educados a aceitar essas barbáries?
Esta educação não pode ajudar a evitar nada, pelo contrário, só pode ajudar à manutenção deste estado de coisas, que já não estavam bem à época do Sr. Adorno, mas que herdamos à luz desta educação.
Por fim, a barbárie contra qual deveria ser dirigida a educação é, na verdade, a base da própria educação: sua ideologia, que esvazia o significado das coisas, substituindo-o pelo dinheiro.
Portanto, para que a educação seja formadora de consciência e de memória, a sociedade em que ela está atuante deve buscar esses valores. Caso contrário, ela vai ser instrumento de manutenção de um eterno Auschwitz.”
Seus Mestres lhe sorriram discretamente e o Aprendiz percebeu, então, que seria exilado. E sorriu com alegria.
Tentei , ao ir à Madri no meio do ano, fazer uma versão para o espanhol de um poema do João Cabral de Melo Neto. Chama-se Alguns Toureiros e está no livro Serial e Antes, da Editora Nova Fronteira SA. Quero publicá-la aqui ...
Algunos Toreros
João Cabral de \Melo \Neto
Para Antonio Houaiss
Yo vi a Manolo González
Y Pepe Luís de Sevilla
Precisión dulce de flor
Preciosa, pero estricta
Vi también a Julio Aparicio
De Madrid, como Parrita
Ciencia fácil de flor
Espontánea, pero restricta
Vi a Miguel Báez, Litri
De los confines de Andalucía
Que cultiva una otra flor
Angustiosa de explosiva
Y también a Antonio Ordoñez
Que cultiva flor anticúa
Perfume de rienda vieja
De flor en libro dormida
Mas yo vi a Manuel Rodríguez
Manolete, el más desierto
El torero más agudo
Más mineral y despierto
El de niervos de madera
De puños secos de fibra
El de figura de leña
Leña seca de catinga
El que mejor temblaba
El fluido acero de la vida
El que con más precisión
Rozaba la muerte en su fimbria
El que a la tragedia dio número
Al vértigo, geometría
Decimales a la emoción
Y al susto, peso y medida
Sí, yo vi a Manuel Rodríguez,
Manolete, el más asceta
No sólo cultivar su flor
Pero demonstrar a los poetas
Como dominar a la explosión
Con mano serena y contenida
Sin dejar que se eche la flor
Que trae escondida
Y como entonces trabajarla
Con mano cierta, corta y extrema
Sin perfumar su flor
Sin poetizar su poema.
Tomara que o João não sofra muito com isso.
Vou publicar textos antigos meus ... pode ser interessante ...
A passagem pela terra é uma experiência indescritível em sua totalidade. Algumas pistas da reflexão de um ser ao atravessar essa experiência podem ser colhidas em conversas, bate-papos, textos escritos (se o indivíduo citado é das letras), música (uma pista mais deliciosamente subjetiva) e um sem número de gestos, TOCs, e outras manifestações de naturezas diversas, ainda que não interpretadas usualmente como meios de comunicação.
Isto tudo dito para dizer que, por causa disso, interpretar uma frase de uma pessoa pode ser tarefa impossível! se essa frase está fora de contexto, escrita solta em um papel, por exemplo; ou quando alguém a ouve entre andares, no elevador, naquela esticada de ouvido pro murmúrio alheio ...
“mamãe, quando voltarmos a Paris, você me leva outra vez à Disney?”
é, sem dúvida, uma frase absolutamente pedante, principalmente se pensarmos que quem a proferiu foi uma menina de 5 anos (que, quando esteve em Paris, tinha 4; e que já conhecera Madri antes de completar 2, com tourada e tudo) e, principalmente, se temos consciência do mundo em que vivemos.
É muito difícil ter oportunidades neste $i$tema social em que vivemos – devemos lembrar que, apesar de tudo o que temos e produzimos, 1/3 do mundo MORRE DE FOME. !!!!! mas, a gente já se acostumou a essa realidade, não é mesmo?
TER OPORTUNIDADES é algo que muda a vida de uma pessoa.
Lembro-me que, aos 7 anos, conheci o mar: São Vicente! O apartamento do Tabajara e da Iara... Xand e Jé aterrorizando um condomínio de apartamentos (era divertido apertar as campainhas e sair correndo nos corredores escuros de um prédio de apartamentos – a gente nunca tinha ficado em um prédio, eu acho) e, como esquecer, os devaneios do TIP e do Pai, tomando cerveja na sacada, imaginando o que passaria na cabeça do piloto da escavadeira que destruía o morro à nossa frente, descarnando-o como psoríase numa calva. Nessa viagem, ouvi meu pai dizer “conheci o mar com 17 anos, e meus filhos com 7... graças a Deus!” – e muitas vezes ouvi a famosa história da “Viagem Fantástica” – folclórica aventura dos carneiros pelo despovoado Guarujá, que fica para a próxima.
E a primeira vez que voei de avião! Eu tinha 21 anos (acho!) e lembrava do meu pai delirando: “porque ele voa sem nenhuma cordinha segurando... nada!” – confesso que derrubei algumas lágrimas. E foi pra Miami, que era escala pra um cruzeiro no Caribe (vejam só!). Sempre tive oportunidades, apesar de não ter feito nada pra isso...
Quando digo “não ter feito nada”, tento referir-me às práticas comuns para se conseguir as coisas no $i$tema: empurrar quem está ao lado, e puxar os que estão acima para subir pisando neles... de fato, mesmo o contrário disso, creio que fiz.
A maior neurose disso? Talvez não poder dar, aos meus descendentes, as mesmas oportunidades... o que seria uma pena não para mim, mas para eles. No entanto, ainda nisso, tenho sorte... a Mary pensa como eu e me agüenta, de quebra. E as crianças têm avós. Obrigado, amor! Obrigado, pai e mãe.
Tenho a sorte de poder dar à Virga e à Titch as coisas que pude ter, a saber (porque adoro lembrar disso):
Meu pai foi o segundo cara a ter um vídeo cassete em Bauru e sempre tivemos contato com equipamentos eletrônicos com tecnologia avançada.
A Titch e a Virga convivem com toda sorte de equipamentos eletrônicos: um aparelho de som que, antes dos 2 elas dominavam; e um aparelho de DVD, idem.
Ganhei um TELEJOGO – o primeiro Vídeo Game que saiu por aí, com 7 anos(o Jeff tinha 5) e tínhamos a TV colorida no quarto do meu pai.
Um dos primeiros presentes da Virga foi o computador da Barbie, com menos de 2 anos.
Eu e o Jeff, com 13 e 11, respectivamente, ganhamos, do meu pai, o computador pessoal (amador) mais avançado da época (meados dos anos 80): o TK 90 X, que nos aproximou da informática – copiávamos joguinhos de revistas e criávamos pequenos programas em BASIC.
A Virga, desde os 3, tem aulas de informática na escola - através de jogos pedagógicos no computador – que ela, hoje, usa para entrar na NET sozinha, jogar ON LINE em sites especializados e, no ano que vem, com 5 para 6 anos, aprenderá a usar o WORD. A Maria já usa o mouse e domina os outros equipamentos eletrônicos (DVD e SOM), com 2 anos.
Viajei de avião, como disse, aos 20 e poucos anos, para uma viagem ao Caribe (internacional, portanto) e algumas outras oportunidades (difíceis de acontecer).
A Virga e a Titch nasceram sobre aviões: com menos de 1 ano, fizeram vôos nacionais e, posteriormente, internacionais. Ambas têm mais horas de vôo que muitos adultos que conheço.
Conhecia o Paraguai e a Argentina nas cidades de fronteira terrestre, ali pros lados do Mato Grosso do Sul. Conheci outros lugares bem depois dos 20.
As DUAS (como eu as chamo) conhecem a Europa e, em Madri, posso dizer que aprenderam um pouco mais: o q achar de crianças entre 2 e 5 anos que falam a língua do lugar e se identificam com a cultura local, como é o caso das DUAS ao brincarem de Touro, p ex; ou a Maria dizer “PORTAGAYOLA”e se posicionar para receber o touro, ajoelhada, à porta de chiqueiros.
Tudo o que eu quis aprender, meus pais me possibilitaram; sempre sob orientação de um professor.
A Virga tem atividades extra-escolares, com destacado aproveitamento: balé, natação e inglês. A Titch vai pelo mesmo caminho.
Com certeza, o prazer pelo conhecer talvez seja a coisa que eu mais queira deixar às Duas. A idéia de que é importante conhecer as grandes obras da humanidade, praticando as atividades para conhecer. Isso aprendi, também, com os meus pais.
Neste dia dos professores, agradeço a todos os que me orientaram e aos que orientaram à Mary e aos que orientam as Duas. Meus pais e minha esposa, como todo mundo mais que ela agradecer.